Redação - 20211104629869
A obra "O grito", do pintor norueguês Edvard Munch, retrata uma figura em um profundo momento de angústia, desespero e preocupação. De maneira análoga à obra expressionista, tal situação de desconforto também se faz presente no atual cenário brasileiro, visto que o tecido social sofre com altas taxas de feminicídio no país. A partir de uma análise desse impasse, percebe-se que ele está vinculado não só ao legado histórico como também à falha no sistema educacional. Sob esse viés, é imperioso destacar a herança deixada por nossos ancestrais como impulsionadora da problemática. Nessa perspectiva, segundo Francis Bacon, renomado filósofo inglês, o comportamento humano é contagioso, tornando-se enraizado à medida em que se reproduz. Nessa ótica, constata-se que a mentalidade arcaica de que a mulher é inferior ao homem e deve ser submetida a tratamentos agressivos se propagou entre as gerações, uma vez que em residências que há um histórico de feminicídio e agreções contra o público feminino há também crianças e adolescentes que, consequentemente, repetirão tal comportamento comun em sua casa, posto que a família é o principal meio formador de caráter das pessoas. Desse modo, o elevado número de assassinato de mulheres no país é consequência direta das raízes históricas implantadas na sociedade. Outrossim, vale também ressaltar a falha no ambiente escolar e sua notável relação com as altas taxas de feminicídio. Diante desse cenário, Paulo Freire, importante educador brasileiro, defende uma educação crítica, que forme seres pensantes, com capacidade de reflexão, ou seja, verdadeiros cidadãos. Entretanto, grande parte das escolas hodiernas vão de encontro com a ideia exposta, haja vista que dão ênfase no ensinamento técnico-científico e negligenciam problemas sociais, como a violência contra o gênero feminino. Dessa forma, as crianças se desenvolverão com uma carência informacional e sem saber lidar com o revés, por isso, os menores ao se tornarem adultos e presenciarem agreções contra mulheres se submeterão a tal prática, pois a sua mentalidade crítica não foi impulsionada pela escola. Portanto, medidas são necessárias para mitigar as altas taxas de feminicídio no Brasil. Logo, a mídia, grande difusora de informação e principal veículo formador de opinião, deve, com urgência, divulgar campanhas publicitárias, de caráter informativo e conscientizador, por meio de canais abertos de televisão, a fim de incentivar os familiares a prestar queixa da violência, antes de se consolidar feminicídio. Paralelamente, as escolas têm que desenvolver palestras educativas com o intuito de formar cidadãos cientes do problema e aptos a denunciarem. Assim, o sentimento de desconforto expresso por Edvard Munch em sua obra terá menor intensidade na Nação brasileira.
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