Segundo o filósofo Platão, "não deverão gerar filhos quem não quer dar-se ao trabalho de criá-los e educá-los". Certamente, na sociedade atual, essa frase remete sobre a responsabilidade da mãe diante da opção por gerar e de cuidar do filho. Tal noção se baseia na romantização da maternidade, pois é amplamente difundido na coletividade a compreensão da função materna como algo simples e natural da mulher. Em virtude disso, muitas mães sofrem, de forma exclusiva, com a culpabilização durante a criação dos descendentes, já que o pai é isentado dessa função. Logo, é essencial analisar os estigmas sociais frente à maternidade.
Sobretudo, a função da genitora é idealizada na população. Quando um filho nasce, entende-se que a mulher já está preparada para lidar com a demanda da criança e ainda se sente realizada por exercer tal cuidado. Contudo, na realidade, essas pessoas lidam com medos e limitações durante a criação dos menores. A título de exemplo, tem-se o filme Tully, o qual expõe uma mãe esgotada diante da responsabilidade com os três filhos, uma vez que não possui sequer a privacidade para utilizar o banheiro. Conforme o apresentado no cinema, muitas mulheres sentem-se frustradas ao tornarem-se mães, algo que afasta da noção social de maternidade simples e espontânea do ser feminino.
Ademais, à medida em que os pais não têm a noção da sua responsabilidade na instrução dos filhos, as mulheres são integralmente culpadas pelos diversos acontecimentos na vida das crianças. Salienta-se que, apenas em 2021, o Brasil certificou cerca de cem mil pessoas sem o nome do pai na certidão de nascimento. Por consequência disso, todo o encargo da formação do indivíduo recai sobre a mãe. Por outras palavras, quando não há responsável presente na reunião escolar ou quando o filho se torna desobediente, a culpa é direcionada apenas à genitora. Então quando um homem não é responsabilizado pela função paterna, a mulher é sobrecarregada.
Em suma, a romantização da maternidade e a culpabilização das mulheres é algo evidente na sociedade atual. Portanto, é preciso que a comunidade tenha empatia com as mães, ao ser consciente da conturbada realidade dividida por muitas genitoras e ao expor essa verdadeira situação para as gerações futuras, a fim de que ocorra o abandono da idealização dessa função. Além disso, é necessário que o Ministério da Cidadania, juntamente com a mídia, incentive a participação do pai na formação do indivíduo, através de propagandas que apresentem os benefícios da paternidade, as quais deverão ser divulgadas durante o mês que comemora o dia dos pais, para que os homens sejam sensibilizados e assumam a responsabilidade na geração de uma criança.