No livro Utopia, de Thomas More, uma ilha é representada como sendo um lugar que inexistem problemas sociais, ou seja, seria o local ideal para a convivência humana. Entretanto, é sabido pela sociedade e pelos governantes brasileiros que tal estado social não é possível de ser alcançado. Apesar disso, os políticos tentam chegar ao mais próximo possível dessa realidade. Um empecilho para isso é a problemática da reinserção dos ex-presidiários na sociedade. Os fatores que acentuam tal situação é a ausência de politícas públicas, por parte do Estado, para a reinserção social desse grupo e o preconceito das empresas privadas para a contratação de ex-presidiários.
Acerca desse assunto, a Constituição Federal estabelece no artigo 3° que é responsabilidade do Estado promover o desenvolvimento nacional. No que tange a essa situação, é dever do Governo Federal oferecer oportunidades de emprego para aquelas pessoas que já cumpriram pena. A omissão do Estado nessa temática trás como consequência a reincidência dos ex-presidiários no sistema carcerário, ou seja, ocorre um ciclo entre entrada e saída de uma parcela da população nos presídios; originário das pequenas, ou ausência de, oportunidades de trabalho. Além de aumentar a violência na sociedade, pois esse grupo não possui nenhuma renda fixa ápos a sua saída para a vida livre, portanto, recorrem de furtos ou roubos para conseguir dinheiro.
Ademais, o brasileiro possui uma cultura, que contradiz a Declaração dos Direitos Humanos, de pensamento que "bandido bom é bandido morto". Esse tipo de frase é de extrema gravidade para a reinserção dos ex-presidiários na sociedade. Isso se deve ao fato de enraizar o preconceito destinado a esse grupo por parte da população, dificultando a sua entrada no mercado de trabalho formal em um momento posterior a sua soltura do presídio. Segundo dados do Conselho Nacional de Justiça, 70% dos egressos voltam a cometer crimes. Esse dado é alarmente no que diz respeito a pouca contratação, por parte das empresas privadas, dessa parcela da sociedade. Afinal, se houvesse uma maior inserção dos ex- presidiários no mercado de trabalho, a maioria dos egressos não voltariam a cometer novos delitos.
Portanto, o Estado deve criar programas sociais direcionados para combater essa problemática. Isso pode ser feito a partir de convênios entre o Estado e as empresas privadas, em que o Governo Federal direciona os ex-presidiários, segundo suas aptidões, para determinados locais de trabalho, tornando obrigatório uma porcentagem mínina desse grupo em tais empresas, sendo que as instituições podem recebem uma bonificação por participar do convênio. A finalidade dessa política pública é diminuir o número de reincidentes e de promover a sua inclusão na sociedade.