Na obra cinematográfica " A Menina que Roubava Livros", é contada a história de uma garota que, ao aprender a ler, se apaixona pelo mundo ficcional, utilizando-o como válvula de escape aos horrores que vivenciava no contexto da Segunda Guerra Mundial. Paralelamente, ao comparar tal realidade à conjuntura hodierna brasileira, nota-se que esse sentimento não é frequente, posto que o âmbito familiar não proporciona a socialização primária necessária para seu cultivo. Diante disso, faz-se necessário analisar dois agravantes acerca da problemática exposta: a estrutura familiar desigual e a substituição da literatura pelos meios digitais, os quais secundarizam a importância da literacia. Em primeira análise, salienta-se que o meio social que os indivíduos estão inseridos influenciam diretamente suas condutas, o que vai de encontro com a situação que o corpo social marginalizado se encontra. Nesse sentido, o sociólogo alemão Max Weber define a instituição social como o principal agente regulador das ações individuais, sendo a família a principal, considerando que ela é responsável por auxiliar o primeiro contato do sujeito com o mundo. Sob esse viés, quando se compara os acessos literários de um cidadão de elevada estrutura familiar com um não possui, nota-se que o prejudicado em questão recorre a outros meios de entretenimento, gerada pela antidemocratização da literacia, ou seja, pela desigualdade social. Contudo, urge que essa condição seja revertida, já que a leitura de livros é importante no processo socioeducativo da população. Ademais, é importante frisar que a tecnologia tem substituído a literatura nos mais variados âmbitos sociais. Nessa perspectiva, os pensadores da Escola de Frankfurt Theodor Adorno e Max Horkheimer elaboraram o conceito de indústria cultural, que evidencia o quanto as pessoas são suscetíveis e alienados á cultura de massa que, visando o consumo, difundem mercadorias (notebooks, smartphones e tablets) que, por suas funcionalidades digitais, secundarizam quaisquer outras atividades passam a ganhar espaço no cotidiano humano. Portanto, a mudança de postura da sociedade à questão da adoção da leitura é emergencial para seu desenvolvimento intelectual. Mediante o exposto, se torna imprescindível a elaboração de medidas que proporcionem o fortalecimento da prática da literacia familiar. Dessarte, o Ministério da Educação, em parceria com o Ministério da Cidadania, responsável pelo pleno desenvolvimento dos cidadãos, por meio da criação de ficinas de leitura nos bairros da cidade e da distribuição das obras literárias nas comunidades carentes, deve incentivar o corpo social a praticar a leitura, fomentando tal prática. Após essas ações, pode-se evidenciar a importância do hábito de ler escrever na sociedade brasileira e atingir os sentimentos da garota retratada na obra citada no início do texto.