O filme "Ela é o cara", retrata a história de uma jovem adolescente que decide se fingir de homem com o intuito de provar à sua comunidade que as meninas também podem obter as mesmas habilidades masculinas no futebol, a fim de garantir idênticas oportunidades. Nesse contexto, evidencia-se o quanto ainda existe uma desvalorização relacionada ao futebol feminino no Brasil. Dessa maneira, é imprescindível um olhar mais crítico de enfrentamento sobre a igualdade de genêro no âmbito esportivo.
Em primeira instância, é pertinente ressaltar os desafios associados aos tabus impostos à carreira feminina nesse esporte. Segundo o pensador Dee Hock, "o problema não é colocar coisas novas na sua cabeça, e sim tirar as velhas". Essa analogia refere-se ao fato de que as mulheres não obtiam o livre-arbítrio de escolher entre praticar ou não um exercício físico distinto dos afazeres domiciliares. Isso pode ser analisado a partir da lei decretada durante a Era Vargas, a qual as proibia de jogar futebol com o discurso de uma atividade lúdica "incompatível com as condições da sua natureza", fomentando as dificuldades de atuação nesse ramo. Em consequência desse preconceito retrógrado, as jogadoras até hoje sofrem com uma enorme desvalorização, relativo ao sentimento de superioridade masculina nesse determinado esporte.
Em segundo plano, nota-se as discrepâncias financeiras - salários e investimentos- comparadas ao futebol masculino. De acordo com a Organização Internacional do Trabalho (OIT), a discriminação de gênero é um dos pontos mais importantes na sua agenda institucional. Isso reflete diretamente no ramo esportivo, já que as mulheres não detêm das mesmas oportunidades que os homens, como nos os clubes, que não assinam as carteiras das jogadoras, as quais ficam a mercê das instabilidades, recebendo apenas o valor relativo a média de dois salários mínimos, de acordo com a UOL. Isso ocorre devido aos financiadores argumentarem sobre a falta de visibilidade e pouco retorno, gerando o baixo investimento em lugares, equipamentos e preparação física. Logo, para mitigar essa situação, é de extrema necessidade o maior apoio da mídia e dos internautas na divulgação e repercussão desses jogos, para aumentar as possibilidades de financiamentos às jogadoras femininas.
Portanto, é notório a desvalorização das mulheres no futebol brasileiro. Para tanto, cabe ao Ministério do Esporte fornecer igualmente os subsídios necessários àquelas que buscam oportunidades no ramo esportivo. Isso seria efetivado através de maiores patrocínios financeiros, com o intuito de garantir as devidas justiças sociais em relação aos meios de melhorar a atuação no futebol, tanto com técnicos profissionais, vestimenta e lugares adequados. Além do Ministério da Educação reformular a educação de base pautada no desenvolvimento de competência socioculturais e éticas para as futuras gerações, a partir de atividades extracurriculares sobre igualde de gênero. Essas propostas têm por finalidade o alargamento da consciência e mentalidade da populacão, a fim de garantir uma cidadania mais justa e igualitária.