A atleta Marta da Silva é considerada revolucionária na história do futebol brasileiro por lutar pelo reconhecimento das mulheres no esporte. Devido a isso, é possível iniciar uma discussão acerca da desvalorização do futebol feminino no Brasil - um problema de origem colonial - decorrente das ideologias de inferioridade consolidadas pelo patriarcalismo. Em consequência disso, a construção do esporte feminino é impactada negativamente pelos princípios da sociedade patriarcal, fazendo com que haja muitas diferenças entre a prática de homens e mulheres.
Em primeira análise, a desvalorização do futebol feminino é um problema presente na realidade brasileira e possui raízes coloniais. Isto é, desde a chegada dos portugueses foram estabelecidos princípios de desigualdade entre homens e mulheres - baseados nas ideologias patriarcalistas - pela “inferioridade” feminina. Como prova disso, tem-se a Constituição de 1824 que foi responsável por consolidar, de fato, a exclusão social das mulheres e proibindo a participação no futebol, um esporte tipicamente masculino. Segundo Hegel, a história atual é resultado dos fatos do passado. Logo, é possível perceber que, baseando-se na concepção hegeliana, os ideais do patriarcalismo - consolidados no passado - persistem até os dias atuais impactando na desvalorização do futebol feminino.
Ademais, deve-se analisar as consequências das concepções ideológicas patriarcais na construção do futebol feminino. Nessa perspectiva, a prática do esporte feminino e masculino é marcada pela desigualdade no reconhecimento profissional. De acordo com dados divulgados pela Organização das Nações Unidas (ONU), a diferença salarial entre jogadores e jogadoras é cerca de 32%, fazendo o futebol masculino ser mais valorizado. Assim, evidencia-se que, como resultado da influência patriarcal, os homens são muito mais reconhecidos que as mulheres, apesar de participarem do mesmo esporte. Indubitavelmente, são necessárias novas medidas públicas de modo a incentivar a equiparação na valorização profissional de mulheres no futebol brasileiro.
Portanto, em virtude dos fatos mencionados, cabe ao Governo, junto ao Ministério da Cidadania, desenvolver projetos para proporcionar a prática esportiva igualitária, por meio da redução de impostos aos clubes brasileiros de futebol que promoverem a equiparação salarial entre atletas femininos e masculinos, a fim de consolidar o papel da mulher como atleta e promover a valorização profissional feminina. Dessa maneira, com a colaboração de todas as partes, será possível solucionar a problemática da desvalorização do futebol feminino no Brasil.