Termos que não devem ser usados na redação (e como substituir)

Termos que não devem usar

As palavras que você escolhe para sua redação podem ter um impacto mais forte do que você imagina… Neste artigo, vamos mostrar expressões que não devemos usar (em nome do respeito!) e termos que não devem usar na redação.

Sabia que não se deve mais usar o termo “índio” para se referir a nossos nativos brasileiros? 

Pois é, a linguagem evolui com o tempo, e o que era considerado aceitável em termos de expressões pode se tornar ofensivo à medida que a sociedade muda e as sensibilidades evoluem. 

Queremos ajudar você a substituir as expressões que podem ser consideradas desrespeitosas ou ofensivas na redação. 

Vamos começar.

Termos que não devem usar: “Pessoa com deficiência” em vez de “portador de deficiência”

É melhor enfatizar a pessoa e não a deficiência, concorda? Trata-se de uma pessoa antes de ser definida por sua deficiência. Isso demonstra respeito pela individualidade e humanidade da pessoa.

Por exemplo, não use “ceguinho”, “surdinho”, “surdo mudo”, “criança excepcional” (para designar uma Síndrome de Down), “doente mental”, “doente de lepra”.

Prefira

  • pessoa cega ou pessoa com deficiência visual
  • pessoa surda ou pessoa com deficiência auditiva
  • pessoa com deficiência mental
  • pessoa com deficiência física
  • pessoa com hanseníase (o termo “lepra” é proibido por lei no Brasil!)

“Indígena” em vez de “índio”

A palavra índio deriva do engano de Cristóvão Colombo: ele achava que tinha encontrado as Índias, na sua viagem de 1492. Assim, a palavra foi utilizada para designar uma infinidade de grupos indígenas. 

Se você não sabe, os indígenas são bem diferentes entre si – o Instituto Socioambiental (ISA) identificou cerca de 305 etnias indígenas diferentes em 2021!

Então, o termo “indígena” em vez de “índio” indica mais respeito à autoidentificação e valorização da diversidade cultural dos povos indígenas.

Termos que não devem usar: “Pessoa em situação de rua” em vez de “morador de rua”

Aqui há uma mudança na forma de abordar e se referir às pessoas que vivem em situação de vulnerabilidade. 

Ao escrever “pessoa em situação de rua” você está reconhecendo que a condição de estar sem moradia é temporária e não define a identidade da pessoa. Assim você respeita a dignidade e a individualidade dela, reconhecendo que é um ser humano com direitos como qualquer outro. 

De qualquer maneira, o termo “mendigo” não tem sido considerado desrespeitoso como “morador de rua”.

“Idoso” em vez de “velho”

Esta substituição indica uma abordagem mais respeitosa, positiva e inclusiva ao se referir a pessoas mais velhas. A palavra “idoso” demonstra consideração pela dignidade das pessoas na terceira idade. 

A palavra “velho” pode ser considerada pejorativa ou depreciativa, e está mais focada na condição da idade cronológica, que na pessoa em si.

Termos que não devem usar: “Estadunidense” em vez de “americano”

“Americano” é um termo que inclui todos os que vivem nas Américas, por isso “estadunidense” está sendo preferido para se referir aos moradores dos EUA. 

“Norte-americano” cria um problema semelhante, já que canadenses e mexicanos são tão norte-americanos quanto a população dos EUA – evite-o.

“Comprometer” em vez de “denegrir”

Esta é uma sugestão recente do TSE. A ideia é desvincular o termo “negro” de qualquer conotação negativa. Mas continue usando “negro” ao se referir à etnia que tem pele escura.

Termos que não devem usar: “Homossexualismo” em vez de “homossexualidade”

O problema neste caso é o sufixo “ismo”, que é muito usado para doenças: “astigmatismo”, “botulismo”, “alcoolismo”, etc. E desde 1999 a homossexualidade deixou de ser considerada uma doença no Brasil. 
Então use “homossexualidade” ou mesmo “gay”, se for o caso.

“Orientação sexual” em vez de “opção sexual”

“Orientação sexual” é ideal, pois se baseia na ideia de que a atração por pessoas do mesmo sexo, do sexo oposto ou de ambos os sexos é uma característica inata e não uma escolha. 

E o fato é que muitas pesquisas científicas apontam para a origem biológica e genética da orientação sexual, portanto não seria mesmo uma escolha. 

O termo “opção sexual” implica que a pessoa escolhe sua orientação, o que não é apoiado pela evidência científica.

Termos que não devem usar: “Soropositivo” em vez de “aidético”

O termo “aidético” pode carregar um estigma negativo e perpetuar estereótipos prejudiciais em relação às pessoas vivendo com a síndrome da imunodeficiência adquirida (AIDS). 

Usar “soropositivo” é mais respeitoso e ajuda a combater o estigma associado à infecção por HIV.

Além disso, “Soropositivo” descreve com precisão o estado de alguém que é portador do HIV, indicando que o vírus foi detectado em seus testes de sorologia, mas não necessariamente que a pessoa desenvolveu a AIDS. O termo “aidético” sugere que a pessoa já desenvolveu a doença, o que nem sempre é o caso.

“Profissional do sexo” em vez de “prostituta”

O termo “prostituta” muitas vezes carrega conotações negativas e estigmatizantes que podem contribuir para a discriminação e a marginalização das pessoas que trabalham na indústria do sexo. 

O termo “profissional do sexo” é mais adequado, pois reconhece que, em muitos casos, as pessoas escolhem ou são forçadas a entrar na indústria do sexo devido a circunstâncias complexas. Ele não presume que todas as pessoas na indústria do sexo são vítimas.

Usar “profissional do sexo” também confere dignidade às pessoas que escolheram essa profissão e destaca que têm todos os direitos de qualquer outra.

“Mãe solo” em vez de “mãe solteira”

Esta substituição é recente e ainda está sendo assimilada. Por que dizemos “mãe solteira” e não “pai solteiro”?!

O fato de a mãe ser solteira ou casada não altera sua condição de mãe em nada!

E é perceptível que “mãe solteira” provoca geralmente uma sensação de “pena”, como se ela tivesse sido abandonada – são coisas que pertencem a formas antigas de se pensar.

“Dependente químico” em vez de “drogado”

Você também pode preferir escrever “usuário de droga” em vez de “drogado”. Infelizmente “drogado” carrega um forte preconceito e transforma todos os envolvidos em vícios químicos em criminosos – esse é o problema.

“Vulnerável” em vez de “grupo de risco”

A questão é que “grupo de risco” dá a ideia de que existem pessoas que tiveram o azar de passarem por doenças.

Como isso não corresponde sempre à realidade, é  melhor usar o termo “vulnerável” ou ainda “pessoas com comportamento de risco”.

“Comunidade” em vez de “favela”

Nem todos concordam com essa substituição, já que favelas têm sua cultura, sua história, e é um termo que até poetas adotam. E, por outro lado, comunidades não são apenas as favelas!
Mas é verdade também que o termo favela carrega uma ideia de marginalização – uma ideia negativa, por isso é aconselhável evitar.

Conclusão

Para fechar este artigo sobre Termos que não devem ser usados na redação e como substituí-los, lembre-se de que a linguagem é como um espelho da nossa sociedade e o jeito como a gente trata a diversidade. 

Fique atento  ao impacto que essas palavras têm sobre quem já passa por exclusão social normalmente.
O que é politicamente correto é bastante questionado, mas o que importa mesmo é entender que as palavras têm poder – tenha cuidado com elas! A melhor forma de saber se certa palavra que você usou na redação não caiu bem é perguntar para quem entende!

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