Na era digital, a presença constante nas redes sociais se tornou parte da rotina dos adolescentes. No entanto, a linha entre o compartilhamento saudável e a exposição de adolescentes na internet se mostra cada vez mais tênue e os impactos disso ultrapassam curtidas e seguidores. Ansiedade, comparação excessiva, cyberbullying e busca por validação são apenas algumas das consequências vivenciadas diariamente por jovens que estão em fase de formação emocional e identitária.
Com o aumento de casos de sofrimento psicológico entre adolescentes e a crescente atenção da mídia e de especialistas sobre o tema, a superexposição virtual passou a ser vista como um problema de saúde pública e, por isso, tem grandes chances de aparecer no ENEM, vestibulares e concursos.
Proposta de Redação sobre exposição de adolescentes na internet
A partir da leitura dos textos motivadores e com base nos conhecimentos construídos ao longo de sua formação, redija um texto dissertativo-argumentativo em modalidade escrita formal da língua portuguesa sobre o tema “Os impactos da superexposição nas redes sociais sobre a saúde mental dos adolescentes”, apresentando proposta de intervenção que respeite os direitos humanos.
Desse modo, selecione, organize e relacione, de forma coerente e coesa, argumentos e fatos para a defesa de seu ponto de vista.
Instruções para redação sobre exposição de adolescentes na internet
- O rascunho da redação deve ser feito no espaço apropriado.
- O texto definitivo deve ser escrito à tinta preta, na folha própria, em até 30 (trinta) linhas.
- A redação que apresentar cópia dos textos da Proposta de Redação ou do Caderno de Questões terá o número de linhas copiadas desconsiderado para a contagem de linhas.
- Receberá nota zero, em qualquer das situações expressas a seguir, a redação que:
- 4.1 tiver até 7 (sete) linhas escritas, sendo consideradas “textos insuficiente”;
- 4.2 fugir do tema ou não atender ao tipo dissertativo-argumentativo;
- 4.3 apresentar parte do texto deliberadamente desconectada do tema proposto;
- 4.4 apresentar nome, assinatura, rubrica, ou outras formas de identificação no espaço destinado ao texto.
Textos motivadores sobre exposição de adolescentes na internet
TEXTO I — Superexposição digital e seus impactos nos adolescentes
Nos últimos dias, a internet foi tomada por uma polêmica envolvendo duas influenciadoras adolescentes: Duda Guerra e Antonela Braga. A briga, amplamente divulgada e comentada nas redes sociais, pode parecer banal à primeira vista, mas revela um problema cada vez mais urgente na sociedade contemporânea: a superexposição digital de jovens e seus efeitos sobre a saúde mental.
De acordo com especialistas entrevistadas pelo g1, o caso é apenas a ponta do iceberg. O fenômeno da exposição constante na internet, motivada por busca de visibilidade, validação social e engajamento, pode desencadear uma série de consequências emocionais, como ansiedade, depressão e perda de identidade. Isso acontece porque, cada vez mais, adolescentes constroem sua autoestima a partir da aceitação online, muitas vezes associada a curtidas, seguidores e comentários.
Outro ponto que chama a atenção é como o julgamento público se volta quase exclusivamente às meninas. Enquanto os rapazes envolvidos na polêmica pouco apareceram ou foram responsabilizados, as jovens protagonizaram um verdadeiro “tribunal digital”, marcado por linchamentos, ofensas e rótulos ofensivos. Esse cenário escancara não apenas a desigualdade de gênero, mas também o quanto a cultura do espetáculo e a lógica das redes sociais contribuem para o adoecimento psíquico das juventudes.
Além disso, vale destacar que os conflitos ganharam proporções muito maiores do que o previsto. Isso porque, diferentemente de outras gerações, os adolescentes de hoje crescem sob o olhar constante das câmeras. Qualquer erro ou comentário impensado se transforma em conteúdo viral, replicado por milhões. A consequência disso é uma pressão extrema para manter uma imagem perfeita, algo simplesmente inalcançável durante a fase de desenvolvimento da identidade.
Fonte adaptada: g1.globo.com
Texto 2 — Sharenting e a superexposição de crianças nas redes sociais
Embora o termo sharenting ainda não seja familiar para todos, sua prática já está profundamente enraizada na rotina digital de muitas famílias brasileiras. A palavra, que combina os termos sharing (compartilhar) e parenting (paternidade/maternidade), representa o ato de pais postarem imagens, vídeos e informações pessoais dos filhos nas redes sociais, muitas vezes, ainda na gravidez ou nos primeiros meses de vida.
Além disso, como enfatiza a especialista, há riscos reais e urgentes que ultrapassam a esfera da privacidade. As imagens compartilhadas podem ser alteradas por inteligência artificial e utilizadas em esquemas criminosos, como pornografia infantil e redes de pedofilia. O número crescente de denúncias na SaferNet Brasil reforça o alerta: só em 2023, foram quase 72 mil registros de abuso infantojuvenil online, um crescimento de 70% em relação ao ano anterior.
Vale destacar ainda que esse fenômeno pode se relacionar diretamente com a saúde mental das crianças. Afinal, quando expostas sem controle à internet desde muito cedo, elas carregam rótulos e julgamentos que podem impactar sua construção de identidade, gerar ansiedade, afetar a autoestima e provocar distúrbios emocionais duradouros.
Para além da esfera familiar, a legislação brasileira também se posiciona. A Constituição Federal e o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) garantem o direito à privacidade, à imagem e à dignidade das crianças e adolescentes, além de proibirem tratamentos constrangedores ou vexatórios. Ainda assim, a aplicação da Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD) no caso de menores segue sendo um desafio — especialmente porque as plataformas digitais não exigem validações eficazes para perfis infantis.
Fonte adaptada: Câmara dos Deputados – Rádio Câmara
Texto III sobre exposição de adolescentes na internet
O uso excessivo de telas e redes sociais por crianças e adolescentes tem se tornado uma preocupação global. Segundo a pesquisa TIC Kids Online Brasil 2023, 95% da população entre 9 e 17 anos utiliza a internet, e o Brasil ocupa o terceiro lugar no mundo em dependência digital infantil.
A média nacional de uso da internet entre crianças é de 9h15 por dia, sendo quase quatro horas apenas em redes sociais. Esse comportamento levanta alertas sobre impactos na saúde mental, como ansiedade, depressão e até isolamento social.
Especialistas destacam que o ambiente digital não foi originalmente criado para o público infantil e que muitos dos conteúdos disponíveis nas redes são produzidos com base na economia da atenção — ou seja, visam prender o usuário o maior tempo possível, muitas vezes explorando seus dados pessoais. A diretora do Instituto Alana, Isabella Vieira Henriques, reforça que essa lógica também estimula o fenômeno da superexposição infantil e o surgimento de influenciadores mirins, um tipo de trabalho artístico digital ainda não regulamentado no Brasil.
Além disso, há um risco crescente de exposição a conteúdos nocivos como violência, transtornos alimentares e exploração sexual, especialmente em plataformas que não regulam o acesso de menores. Para enfrentar esse cenário, especialistas defendem ações coordenadas entre governo, sociedade civil, empresas de tecnologia e instituições de ensino, incluindo a criação de políticas públicas específicas para a proteção digital da infância.
Enquanto isso, projetos de lei em tramitação no Congresso Nacional buscam garantir mecanismos de verificação etária, maior transparência no funcionamento dos algoritmos das redes sociais e a regulamentação da inteligência artificial voltada ao público infantojuvenil.

Fonte adaptada: Agência Câmara de Notícias
Repertórios e fatos socioculturais para usar na redação exposição de adolescentes na internet
🎬 Filmes e séries sobre superexposição e saúde mental na adolescência
1. “O Dilema das Redes” (2020) — Netflix
Este documentário reúne ex-funcionários de grandes empresas de tecnologia para denunciar como as redes sociais são projetadas para manipular o comportamento do usuário.
Uso na redação: ideal para discutir como a lógica das redes prioriza engajamento acima do bem-estar dos jovens.
2. “Euphoria” (2019) — HBO
A série aborda os dramas da geração Z, incluindo vício em redes sociais, busca por validação online e as consequências da superexposição. Rue, a protagonista, enfrenta crises intensas de identidade e saúde mental, refletindo os efeitos psicológicos da vida hiperconectada.
Uso na redação: apropriado para desenvolver argumentos sobre os impactos emocionais da exposição digital durante a formação da personalidade.
3. “Black Mirror” — Episódio “Nosedive” (Temporada 3)
Neste episódio, a sociedade inteira funciona com base em avaliações sociais em tempo real, tornando cada interação uma moeda de aprovação. A crítica à busca desenfreada por curtidas e visibilidade extrema é evidente.
Uso na redação: excelente para abordar a pressão social por aceitação virtual e os riscos da dependência por validação pública.
4. “13 Reasons Why” (2017) — Netflix
A trama acompanha uma adolescente que tira a própria vida após sofrer bullying e pressão nas redes sociais. O enredo toca em pontos sensíveis como suicídio, exposição de intimidades e isolamento digital.
Uso na redação: potente como exemplo dos perigos da ausência de controle emocional diante da exposição pública online.
5. “Bo Burnham: Inside” (2021) — Netflix
Gravado durante o isolamento social, o especial reflete sobre a internet como espaço de ansiedade coletiva. As canções e cenas revelam o impacto da hiperconexão e da constante performance nas redes.
Uso na redação: apropriado para discutir o esgotamento emocional gerado pelo excesso de tempo online.
📚 Livros para enriquecer sua argumentação
6. “A Era do Capital Improdutivo”, de Ladislau Dowbor
O autor mostra como as plataformas digitais acumulam dados e vendem atenção, transformando os usuários em produtos. Ele alerta para os riscos sociais desse modelo, especialmente entre os mais vulneráveis.
Aplicabilidade: Fundamenta a crítica à exploração da atenção de jovens por empresas digitais.
7. “10 argumentos para você deletar agora suas redes sociais”, de Jaron Lanier
Neste livro, Lanier, cientista da computação, apresenta motivos para repensar o uso das redes sociais, com destaque para os efeitos sobre a autoestima e o comportamento coletivo.
Aplicabilidade: Repertório direto e atual para discutir os malefícios emocionais e sociais causados pelo uso excessivo das plataformas.
8. “Sociedade do Cansaço”, de Byung-Chul Han
Han analisa o adoecimento psíquico na contemporaneidade, incluindo o excesso de exposição e desempenho nas redes como causas do esgotamento emocional.
Aplicabilidade: Conecta a ideia de superexposição à lógica do desempenho que pressiona os adolescentes.
📜 Legislações e documentos oficiais
9. Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA)
Os artigos 17 e 18 do ECA garantem o direito à preservação da imagem e da dignidade de crianças e adolescentes.
Aplicabilidade: Pode ser usado para cobrar responsabilidade dos responsáveis legais e das plataformas quanto à exposição infantil.
10. Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD)
No artigo 14, a LGPD estabelece que o tratamento de dados de crianças deve ter o consentimento dos pais e visar o melhor interesse do menor.
Aplicabilidade: Importante para propor soluções jurídicas e regulatórias na redação.
11. Comentário Geral nº 25 da ONU (2021)
Documento que reconhece os direitos digitais das crianças e exige proteção contra riscos no ambiente online.
Aplicabilidade: Repertório internacional que reforça a responsabilidade das nações na regulação do uso da internet por jovens.
🗞️ Fatos históricos e estatísticas relevantes sobre exposição de adolescentes na internet
12. A pesquisa TIC Kids Online Brasil (2023)
Mostra que 95% dos jovens entre 9 e 17 anos acessam a internet, sendo o Brasil o 3º país no mundo com maior dependência de telas nessa faixa etária.
Aplicabilidade: Fundamenta a discussão com dados reais sobre a vulnerabilidade digital dos adolescentes.
13. Relatório da SaferNet Brasil (2023)
Registrou 71.867 denúncias de abuso e exploração infantil na internet, um recorde histórico.
Aplicabilidade: Reforça a urgência do debate sobre os riscos da superexposição para a segurança de crianças e jovens.
🧠 Argumentos para a redação sobre exposição de adolescentes na internet
Argumento 1: normalização da superexposição
Causa:
Na contemporaneidade, as redes sociais se tornaram vitrines de validação pública, principalmente entre os jovens. Influenciadores digitais, celebridades mirins e reality shows reforçam a ideia de que a visibilidade é sinônimo de sucesso.
Como consequência, adolescentes se sentem pressionados a expor suas vidas privadas em troca de curtidas, seguidores e engajamento.
Consequência:
Esse comportamento, muitas vezes inconsciente, contribui para a construção de uma identidade dependente do olhar alheio, intensificando quadros de ansiedade, baixa autoestima e depressão.
Exemplo:
A recente briga pública entre as influenciadoras adolescentes Duda Guerra e Antonela Braga mobilizou milhões de internautas e gerou uma onda de julgamento digital. O episódio, amplamente divulgado, foi apontado por especialistas como exemplo da “cultura do espetáculo” e da exposição precoce , prática que pode afetar gravemente a identidade e o equilíbrio psicológico dos envolvidos.
Pensador:
Segundo Byung-Chul Han, na obra A Sociedade do Cansaço, a pressão por desempenho e visibilidade constante leva o indivíduo a um estado de exaustão psíquica. Esse conceito explica por que tantos adolescentes desenvolvem transtornos emocionais ao viverem sob os holofotes digitais.
🧠 Argumento 2: A negligência familiar e a ausência de limites digitais
Causa:
Muitos pais e responsáveis, por desconhecimento ou comodidade, permitem que seus filhos usem redes sociais desde a infância, muitas vezes sem qualquer supervisão ou orientação. A prática do sharenting, por exemplo, coloca a imagem de crianças na internet antes mesmo de sua autonomia se formar. Além disso, a falta de diálogo e o uso da tecnologia como forma de “entretenimento substitutivo” aprofundam a distância entre adultos e adolescentes.
Consequência:
Essa negligência digital compromete o senso de privacidade, aumenta a exposição a conteúdos inadequados e favorece o surgimento de transtornos como ansiedade e distúrbios do sono.
Exemplo:
De acordo com a pesquisa TIC Kids Online Brasil 2023, 95% das crianças e adolescentes de 9 a 17 anos usam internet no país, e 88% têm perfil em redes sociais, muitas vezes sem a idade mínima permitida. O mesmo levantamento aponta que o Brasil é o 3º no mundo em dependência de telas infantis. Esses dados evidenciam o despreparo das famílias e a urgência de políticas públicas de conscientização.
Pensador:
A psicóloga Telma Vinha, da Unicamp, afirma que o acompanhamento ativo dos pais no ambiente digital é uma forma de cuidado, não de vigilância. Para ela, a escuta, o afeto e o exemplo são as chaves para uma relação digital mais saudável e protetiva.
Conclusão
Diante de tantos dados, reflexões e exemplos, é impossível ignorar o impacto real que a superexposição nas redes sociais tem causado na vida dos adolescentes. A cultura do espetáculo, aliada à ausência de limites e à negligência digital, contribui para um cenário preocupante de ansiedade, baixa autoestima e busca incessante por validação. Mais do que nunca, é urgente cultivar um ambiente em que os jovens se sintam vistos, não por curtidas, mas por cuidado genuíno, segurança emocional e acompanhamento consciente.
Nesse sentido, o papel da escola, da família e de toda a sociedade é fundamental. Orientar, escutar, limitar e educar para o uso saudável das redes é um ato de proteção.
E, se você deseja aprofundar essas discussões, escrever sobre temas como esse com repertório atualizado e argumentos sólidos, nossa plataforma está pronta para te ajudar.