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Redação ENEM: Erros ortográficos e gramaticais comuns

Identifique quais os erros ortográficos e gramaticais mais comuns encontrados na redação ENEM. Aprenda quais aspectos da modalidade escrita formal da Língua Portuguesa aprimorar para se dar bem nas avaliações.

Em maio deste ano, o Inep – Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira, responsável pelas provas do ENEM, disponibilizou as apostilas usadas para capacitação dos corretores de redação. Assim, pela primeira vez, estão acessíveis a qualquer interessado os critérios utilizados pelos avaliadores para atribuir as notas nas cinco competências do exame. No Módulo 3, são descritos os critérios de correção da Competência 1. Aqui, é possível conhecer os erros ortográficos e gramaticais mais comuns nas redações, com alguns exemplos.

O objetivo da divulgação desse material – até então sigiloso – foi auxiliar os estudos dos candidatos para a redação ENEM e o  aprofundamento de professores e comunidade em geral sobre a prova. Na primeira competência, avalia-se o domínio quanto à modalidade escrita formal da Língua Portuguesa. Portanto, tanto o aluno ao escrever quanto o corretor ao corrigir deve pautar-se pelo que dispõe a norma-padrão. Considerando isso, é necessário ter em mente dois aspectos: estrutura gramatical e desvios.

Como o material do Inep é bastante extenso, vamos sinalizar apenas os principais desvios cometidos com base nesse conteúdo e em nossa experiência com as correções na plataforma Redação Online. Portanto, para ver todos os tópicos elencados pelo Instituto, sugerimos a consulta do módulo completo. Você já conhecia esses critérios? Fique atento(a) à leitura e aplique os conhecimentos em seus textos para tirar uma boa nota!

Estrutura sintática

Juntamente com os desvios, a estrutura sintática também faz parte das regras da Língua Portuguesa, especificamente aquelas  que dizem respeito à sintaxe. Em poucas palavras, pressupõe a existência de certos elementos oracionais que se organizam na frase e garantem a fluidez da leitura e a clareza das ideias do autor de um texto. Textos falhos quanto à estrutura sintática podem apresentar:

Mas o que seria uma leitura truncada? Uma das características de textos que apresentam deficiência na estrutura sintática é a necessidade de interromper várias vezes a leitura e retomá-la de certo ponto anterior porque as ideias começam a não fazer sentido. Geralmente, isso ocorre pela ausência ou uso inadequado da pontuação nas orações.

A seguir vemos um exemplo que consta na apostila do Inep. Perceba que o candidato isolou as orações iniciadas por gerúndio quando deveriam ser subordinadas à oração principal. Esse tipo de erro gramatical é um dos mais comuns encontrados na redação ENEM. Acesse o arquivo completo para verificar outros exemplos.

A justaposição de palavras, que também é recorrente, acontece quando orações que deveriam ser independentes formam um único período. Abaixo temos mais um exemplo destacado pelo Inep. Nela, inclusive fica difícil compreender corretamente o trecho inicial, que pode ter duas interpretações. Esse é um tipo de erro que, usando a técnica de leitura atenta do rascunho, pode ser evitado.

Nem de mais, nem de menos

Ainda no campo dos erros de estrutura sintática, pode acontecer excesso, duplicação ou ausência de palavras. O excesso é quando palavras “sobram” nas orações, como colocar duas preposições (por exemplo: para com) quando deveria ser uma. Já a duplicação é quando o candidato escreve a mesma palavra duas vezes em sequência (geralmente por desatenção). Assim, mais uma vez percebe-se a importância de reler  algumas vezes o texto para conseguir sanar esse tipo de problema. Há ausência de palavras quando falta elemento sintático unindo outros dois para que a oração ou período faça sentido. Vamos ver mais um exemplo que o Inep disponibilizou:

Neste trecho, faltou a preposição “a” entre as palavras atento e tudo, que é um desvio de regência. Mais adiante, um erro por ausência de palavra entre “fazem” e “iludi”. Esses problemas de estrutura dificultam a leitura, deixando-a sem fluidez. Por isso é preciso atentar-se à leitura crítica do próprio texto. Afinal, se você não estiver conseguindo entender, o corretor também terá muita dificuldade. Coloque-se no lugar do leitor!

Desvios

Agora que você já sabe um pouco mais sobre os problemas de estrutura sintática, vamos olhar melhor para os erros ortográficos mais comuns nas redações. Os desvios (como nós, professores, preferimos chamar os “erros”) podem ser de quatro tipos:

Desses, o  tipo mais aparente e fácil de identificar se refere às convenções da escrita. Atualmente, por digitarmos mais que escrevermos, contando com corretores ortográficos ou predominantemente usando uma linguagem mais informal, muitas vezes a acentuação das palavras é esquecida. Aqui já tocamos em outro aspecto que deve ser considerado: a escolha de registro. A linguagem, como pede a proposta e o gênero textual escolhido, deve ser formal. Informalmente, é aceitável uma linguagem menos monitorada e o uso de traços de oralidade ( em vez de está, por exemplo), mas na dissertação isso não pode acontecer!

Cabe rever as regras de acentuação em alguma gramática ou, sempre que tiver dúvida, consultar um dicionário para verificar a grafia correta das palavras. Também é possível usar o Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa –VOLP para conferir acentuação, uso de hífen, ortografia. Portanto, quando mais você treinar a escrita, consultando as palavras que geram dúvida, mais bem preparado estará na hora de escrever a redação ENEM. Infelizmente não há mágica: é preciso estudar e ler bastante, e, principalmente, praticar.

Escolha vocabular: saiba o significado das palavras

Os desvios gramaticais impactam na estrutura sintática e, como já comentado anteriormente,  podem ser resolvidos com uma boa leitura atenta do texto. É nesse momento que os truncamentos ficam evidentes pela ausência de fluidez e dificuldade de entender as ideias principais, tendo que retornar à leitura frequentemente para compreender o que se quis dizer. Aqui os erros mais comuns são de uso da crase, pontuação e concordância – nominal ou verbal.

Mas, para finalizar, vamos conversar um pouco sobre os desvios de escolha vocabular. É frequente vermos redações em que os estudantes utilizam palavras pouco comuns, que não usariam no dia a dia, e muitas vezes nem conhecem exatamente o significado. É valorizado, sim, na correção, que o estudante demonstre um amplo vocabulário. No entanto, isso é bem diferente de “escrever difícil“. Também não adianta colocar várias palavras “estranhas” na redação se elas são isoladas. Ou seja, se elas não acompanham o nível de escrita do restante do texto.

Se você domina o significado de todas as palavras “diferentes” que aprendeu, ótimo. No entanto, para quem só usa esse vocabulário porque ouviu dizer que aumenta a nota ou porque deixa o texto mais “correto”, pode ser um tiro no pé. Isso porque, muitas vezes, o candidato desconhece o real significado das palavras, e o período escrito acaba ficando sem sentido. Assim, na dúvida, o melhor é usar uma palavra mais comum, mas que você tem certeza do que é. Então, não se prenda a essa ideia equivocada de escrever complicado. O simples é muito mais eficaz, pode acreditar!

Exemplos para não errar mais

Vamos ver alguns dos erros de escolha vocabular mais frequentes. Muitas vezes, ocorre com palavras parônimas, mas também acontece quando o estudante não sabe o que uma palavra significa e mesmo assim a coloca no texto.

a fim x afim: a primeira ocorrência é locução prepositiva que significa “com o objetivo de”; a segunda é um adjetivo que qualifica algo ou alguém que possui afinidade/semelhança.

discriminar x descriminar: a primeira palavra significa separar/distinguir; a segunda, absolver de um crime/inocentar.

desmitificar x desmistificar: respectivamente, significam retirar o caráter mítico de algo/tirar caráter fantástico e retirar o caráter místico, enganador ou misterioso de algo.

iminente x eminente: quando queremos nos referir a algo que está prestes a acontecer, usamos iminente. Já quando falamos de alguém ou algo muito importante, o correto é escrever eminente.

infligir x infringir: no primeiro caso, temos um ato de aplicar uma pena ou causar sofrimento; no segundo, indica o ato de transgredir/desobedecer.

Quais palavras você tem dúvidas na hora de escrever? Já conhecia esse material do Inep e o Volp? Costuma consultar o dicionário quando está produzindo a sua redação? Se a resposta foi não para uma ou todas essas perguntas, que tal experimentar conhecer essas ferramentas para melhorar a escrita para a redação ENEM? Com certeza te ajudarão a dar um salto na competência 1! Até a próxima, e continue treinando!

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