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Músicas brasileiras para redação: 7 canções para aumentar seu repertório

Você já usou músicas brasileiras na redação como repertório sociocultural? Selecionamos 7 canções para você surpreender na hora da argumentação. Acompanhe!

Quem não gosta de ouvir boas músicas brasileiras? Para muitas pessoas, elas fazem parte da rotina: são ouvidas a qualquer hora, em qualquer lugar, com qualquer humor. Às vezes estamos tristes e escolhemos algum “som” para nos animar; outras, escolhemos algo bem melancólico – para ficarmos ainda mais tristes. Independentemente do motivo de ouvi-las, o fato é que, para além de uma boa melodia, canções também servem para a reflexão. Aliás, por meio das letras, somos conduzidos a diversos sentimentos e pensamentos, servindo como pontes para a interpretação do mundo.

Como forma de arte extremamente valorizada, nacional e internacionalmente, as músicas brasileiras podem e devem estar presentes nas redações. Sem dúvida, nelas encontramos material sociocultural que possibilita abordar diversas temáticas. Assim, não importa qual estilo musical, sempre encontraremos bons exemplos de canções discutindo desigualdades, racismo, corrupção, estereótipos, entre outras questões. Por isso, separamos 7 músicas brasileiras que você pode usar para se inspirar e acrescentar como repertório na sua redação. Ademais, esperamos que elas despertem sua memória para outras que você já conhece, mas que nunca pensou em explorar dessa forma.

Boa leitura!

1 – Ser diferente é normal

Todo mundo tem seu jeito singular
De ser feliz, de viver e enxergar
Se os olhos são maiores ou são orientais
E daí, que diferença faz?

Todo mundo tem que ser especial
Em oportunidades, em direitos, coisa e tal
Seja branco, preto, verde, azul ou lilás
E daí, que diferença faz?

Nesta canção, interpretada por Lenine, a mensagem é simples e clara: que diferença faz sermos diferentes? A referência à diversidade racial se manifesta na menção aos olhos (maiores ou orientais) e às cores. Além disso, podemos usá-la para tratar sobre ações afirmativas. “Todo mundo tem que ser especial/em oportunidades, em direitos”. Isso nos lembra do conceito de equidade, tão em evidência atualmente. Trata-se de fazer justiça e dar oportunidades iguais a indivíduos em suas diferenças. Assim, “todo mundo é especial” (em sua singularidade) e deve ter acesso aos mesmos direitos. Eventualmente, você pode encontrar outras formas de discutir essa letra, dependendo do assunto sobre o qual a sua dissertação tratar. Na sequência desses versos destacados, ainda temos menção à gordofobia, à liberdade religiosa e à liberdade de expressão. Por enquanto, ouça com atenção e se inspire.

2 – Triste, louca ou má

Em 2016, foi lançado o álbum de estreia da banda Francisco, el Hombre. A música Triste, louca ou má provavelmente é uma das mais conhecidas dele, pois fez parte da trilha da novela O outro lado do paraíso, da Rede Globo. De acordo com a percussionista da banda e uma das compositoras da canção, Juliana Strassacapa, faz parte da função social da música discutir machismo e violência doméstica no nosso dia a dia. Só para ilustrar, em uma das cenas da novela, a canção tocou após o estupro da protagonista, pelo marido, em sua noite de núpcias.
Triste, louca ou má / será qualificada/ ela quem recusar/ seguir receita tal/ a receita cultural/ do marido, da família/ cuida, cuida da rotina/ só mesmo rejeita/ bem conhecida receita/ quem não sem dores/aceita que tudo deve mudar/ que um homem não te define/ sua casa não te define/ sua carne não te define/ você é seu próprio lar (…)
A violência contra a mulher já foi tema da redação do ENEM em 2015, mas a persistência do problema segue até nossos dias. Com efeito, pesquisas alertam que a pandemia de coronavírus fez crescer essa mazela que coloca diversas mulheres em situação de perigo. Portanto, infelizmente podemos nos deparar com esse assunto – reformulado – em situações de prova semelhantes. Ao longo de toda a composição – que tem uma melodia e um clipe oficial tão sensíveis quanto a letra – são percebidos os traços da cultura patriarcal e da mulher que “desperta” para o fato de que não pode ser definida pelo seu sexo. Assim, é uma música brasileira que pode auxiliar bastante a tratar as questões de gênero na redação, e em como elas influenciam na vida em sociedade. Então, coloque o fone de ouvido para ouvir e ver essa obra no Youtube. Aproveite para conferir outras músicas brasileiras para redação compostas por bandas “alternativas” do nosso país.

3 – Fórmula mágica da paz

O álbum “Sobrevivendo no inferno”, dos Racionais Mc’s , virou notícia em 2018 ao ser incluído na lista de obras de leitura obrigatória para o vestibular da Unicamp. Publicado em livro pela editora Companhia das Letras, as poesias ajudam – e muito – a debatermos sobre política, racismo, história, exclusão social e lutas por direitos. Certamente muitas músicas desse grupo podem ser relevantes argumentos em qualquer texto, por isso vale a pena ler/ouvir o álbum na íntegra. Aqui, destacamos “Fórmula mágica da paz”, que narra – pela visão de um morador – a realidade dura da comunidade pobre, a luta para arrumar uma forma de não viver no/do crime. As imagens construídas são fortes e tocantes, e a narrativa nos dá a sensação de estarmos vendo um filme:
2 de Novembro era Finados, eu parei em frente ao São Luís do outro lado E durante uma meia hora olhei um por um e o que todas as senhoras tinham em comum A roupa humilde, a pele escura, o rosto abatido pela vida dura Colocando flores sobre a sepultura Podia ser a minha mãe, que loucura! Cada lugar uma lei, eu tô ligado No extremo sul da Zona Sul tá tudo errado Sim, aqui vale muito pouco a sua vida, nossa lei é falha, violenta e suicida Se diz, que me diz que, não se revela Parágrafo primeiro na lei da favela Legal, assustador é quando se descobre que tudo deu em nada e que só morre o pobre
No trecho destacado, é possível perceber várias possibilidades de uso dessa música em uma redação. Aqui é mostrada uma situação que está na mídia frequentemente, especialmente nos últimos meses: a discriminação e a morte prematura de jovens periféricos. Também é feita uma crítica à (in)justiça e à violência policial. Contudo, mais do que citar trechos das obras em seu texto, é essencial que se conheça a totalidade para dela tirar uma interpretação. Portanto, tudo que é contado em “Fórmula mágica da paz” pode servir de pano de fundo para abordar diversos temas de cunho social. Enfim: vale cada um dos seus mais de 10 minutos!

4 – Dedo na ferida

Ao cantar essa música em  um festival, em 2012, o rapper Emicida foi preso por desacato à autoridade. A letra narra as dificuldades de moradores de favelas e ocupações urbanas. Em um dos trechos, o autor afirma: “O povo tem que cobrar com os Parabelo*/ Porque a justiça deles só vai em cima de quem usa chinelo/ E é vítima, agressão de farda é legítima (…) Homens de farda são maus/ era do caos/ carniceiros ganham prêmios/ na terra onde bebês respiram gás lacrimogêneo”. Além da clara alusão à violência policial, a música pode ser usada na sua redação para comentar a expansão imobiliária e as leis ambientais. Nos primeiros versos, somos levados a pensar sobre a corrupção no Congresso, que acaba beneficiando empresários em detrimento da população carente e das áreas de preservação ambiental. Ao mesmo tempo, destaca-se o papel da mídia, que muitas vezes contribui para a criminalização de grupos minoritários:
Vi condomínios rasgarem mananciais A mando de quem fala de deus e age como satanás (Uma lei) quem pode menos, chora mais, Corre do gás, luta, morre, enquanto o sangue escorre (…) Tamo no corre, dias melhores, sem lobby** Hei, pequenina, não chore TV cancerígena, Aplaude prédio em cemitério indígena Auschwitz ou gueto? índio ou preto?
*Parabelo é uma pistola automática antigamente usada pelo exército alemão. ** Lobby, na política, trata-se da pressão exercida por grupos de interesse sobre políticos, influenciando-os para obter benefícios para as suas causas.  Certamente você encontrará nos estilos rap e até mesmo funk muitos outros exemplos de músicas brasileiras para redação! Pesquise!

5 – Como nossos pais

A saber: em “Dedo na ferida”, Emicida faz uma alusão à música “Como nossos pais”, de Belchior e imortalizada na voz de Elis Regina:
Ainda vivemos como nossos pais, Elis Quanto vale uma vida humana, me diz?
Inegavelmente, a intertextualidade só vai funcionar aqui se você tiver um amplo repertório musical na sua bagagem. Composta em 1976, durante a ditadura militar, é um clássico da música brasileira. Entretanto, talvez não seja conhecida, especialmente, pelas pessoas mais jovens. Ironicamente, ela trata de forma crítica sobre uma certa acomodação da juventude com relação aos problemas da vida. Por isso, é importante que “os mais novinhos” procurem saber mais sobre essa música. Entre tantas interpretações possíveis e necessárias de cada verso dessa música, destacamos um trecho que talvez seja o mais memorável – tanto que foi lembrado também por Emicida:
Minha dor é perceber Que apesar de termos Feito tudo o que fizemos Ainda somos os mesmos E vivemos Ainda somos os mesmos E vivemos Como os nossos pais
Ou seja, o autor aqui nos fala de uma geração que lutava e se reunia para reivindicar o que achava correto. Porém, com o tempo, acabou manifestando o mesmo conformismo que criticava nas gerações anteriores. Isso parece bastante atual, não é? Com certeza essa obra precisa fazer parte do seu rol de músicas brasileiras para redação.

6 – Cidadão

Já que fizemos uma viagem ao passado com Belchior e Elis, vamos continuar pelos anos 1970 com essa canção composta por Lúcio Barbosa. Ela ganhou maior visibilidade em 1992, quando foi regravada pelo cantor Zé Ramalho – intérprete da também clássica “Admirável Gado Novo“. “Cidadão” é uma música que escancara a desigualdade social brasileira, contando a história de um trabalhador da construção civil. Embora essencial para “levantar” os prédios da cidade, ele é discriminado e não pode acessar os locais que ele mesmo construiu. Inegavelmente, a história desse trabalhador anônimo representa a de muitos brasileiros e brasileiras que também passam pelas mesmas dificuldades para sobreviver: “Era quatro condução/ Duas pra ir, duas pra voltar”. Em seguida, por ser de origem humilde, o homem é confundido com um ladrão: “Mas me vem um cidadão E me diz, desconfiado/ Tu tá aí admirado/ Ou tá querendo roubar?”. Dessa forma, quando o trabalhador menciona que o outro é um “cidadão”, estabelece uma relação de diferença de tratamento entre as pessoas de classes sociais distintas (privilegiados e pobres). Durante toda a história, percebemos a injustiça social. A linguagem informal, com traços de oralidade, também nos aproxima do “personagem”. O trabalhador não se sente detentor de direitos, pois não pode frequentar os lugares que ajudou a pôr de pé, como a escola. A letra nos conduz ainda para temas como alcoolismo e fé, por isso é necessário prestar atenção e entendê-la como um todo. Dê play no vídeo acima e confira!

7 – Xibom Bombom

É possível falar de desigualdade e suar o abadá no Carnaval ao mesmo tempo? Claro que sim! Não a menospreze por causa do título: essa canção do grupo As Meninas traz uma importante discussão de classes – entre atabaques e axé. Sucesso no final dos anos 1990, “Xibom bombom” vez por outra aparece em alguns textos da nossa plataforma. “E o motivo todo mundo já conhece: é que o de cima sobe e o debaixo desce”! Pra quem não dispensa citar um filósofo na redação, essa música pode ser relacionada a Karl Marx. Para ele, a única possibilidade de “se livrar dessa situação precária” seria uma revolução e mudança de sistema de governo. Da mesma forma, a crítica ao capitalismo está presente desde o começo da canção, quando menciona que a pobreza (assim como a riqueza) é passada de geração em geração. Isso acontece por causa de uma forma de governo que dificulta a mobilidade social. Assim, faltam recursos (comida, moradia, bem-estar) para a população carente, que só quer “educar seus filhos” e torná-los “cidadãos com muita dignidade”. Pensando bem, com essas dicas dá para relacionar várias músicas brasileiras na redação e fazer uma defesa de tese bem elaborada, né? E você, já fez uso de músicas brasileiras para a redação? Compartilhe com a gente, deixando um comentário!

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