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A pontuação como aliada na construção de sentido

Pontuação: uma aliada na construção de sentido

Pontuação: uma aliada na construção de sentido

Pontuação: uma aliada na construção de sentido

Pontuação: uma aliada na construção de sentido.
Quando vamos escrever uma redação, sempre pensamos em quanto é importante adequarmos o texto à estrutura pedida, desenvolver bem os argumentos, propor soluções de intervenção cabíveis e todos esses pontos são sim fundamentais para sua produção.

Porém, não podemos nos esquecer de que a forma como escrevemos também é igualmente relevante e é aqui que os elementos da pontuação entram, pois eles podem nos auxiliar a construir o sentido de nosso texto.

Hoje, vamos olhar com um pouco mais de atenção aquilo que os sinais de pontuação podem nos oferecer.

A vírgula (,)

Com certeza, quando tratamos de pontuação, o uso da vírgula é o ponto que mais traz dificuldades e uma das razões para isso é justamente a forma como aprendemos na escola.

Frequentemente, ouvimos dizer que devemos colocar vírgula como um sinal de pausa para leitura, a famosa “pausa para respirar” e essa ideia nos faz errar bastante quando precisamos escrever um texto gramaticalmente correto.

Isso porque o uso da vírgula não está relacionado à leitura, mas sim à gramática. Existem regras para usarmos ou não a vírgula num determinado período, mas, de forma geral, podemos afirmar que a vírgula desempenha duas funções majoritárias, independentemente da estrutura gramatical. São elas:

  • Separar termos: O uso mais frequente da vírgula é aquele que você já sabe: separar termos. Como exemplo, trouxemos um trecho da redação de Ana Clara, avaliada com nota 1.000 no Enem 2019 (fonte: www.uol.com.br).

“Embora a Constituição Federal de 1988 assegure o acesso à cultura como direito de todos os cidadãos, percebe-se que, na atual realidade brasileira, não há o cumprimento dessa garantia, principalmente no que diz respeito ao cinema.”

Note como o uso das vírgulas bem posicionadas facilita a leitura e ainda faz com que a ideia proposta pela autora fique mais clara e perceptível.

Não há excesso de vírgulas. O excesso de vírgulas pode fazer com que a leitura seja prejudicada e a compreensão dificultada. Tenha bastante atenção nesse ponto também, pois usar vírgulas demais não significa que seu texto está bem pontuado. O mais importante é colocar a vírgula nos lugares certos.

Jamais se esqueça daquelas regrinhas básicas que aprendemos ano após ano na escola: a vírgula não pode separar o sujeito de seu verbo e nem o verbo de seus complementos. Lembrando-se disso, você já evitará um grande percentual de erro.

  • Isolar termos, dando destaque: Essa função da vírgula é a que mais nos interessa quando falamos de construção de sentido por meio da pontuação.

Desde que as regras gramaticais permitam a inclusão de vírgulas, podemos usá-las para isolar uma parte de nossa frase, porém, quando fazemos esse isolamento, estamos também dando destaque àquele trecho.

Vamos analisar mais um exemplo do texto de Ana Clara:

“É relevante abordar, primeiramente, que as cidades brasileiras foram construídas sobre um viés elitista e segregacionista, de modo que os centros culturais estão, em sua maioria, restritos ao espaço ocupado pelos detentores do poder econômico.”

A autora optou por isolar entre duas vírgulas os termos “primeiramente” e “em sua maioria”. Veja como automaticamente prestamos mais atenção a essas palavras no parágrafo.

É isso o que a vírgula faz quando é usada como recurso para destacar elementos na frase, ela é capaz de captar nosso olhar.

Por se tratar de um recurso bastante útil para captação da atenção, você deve escolher muito bem quais elementos ficarão entre duas vírgulas.

Caso queira dar um destaque ainda maior às partes, é possível usar traços, porém as informações que estão contidas entre os traços costumam ser mais longas. Dê uma olhadinha no que a Ana fez:

“Nesse sentido, observa-se que a segregação social – evidenciada como uma característica da sociedade brasileira, por Sérgio Buarque de Holanda, no livro “Raízes do Brasil” – se faz presente até os dias atuais, por privar a população das periferias do acesso à cultura e ao lazer que são proporcionados pelo cinema.” 

Ponto e vírgula (;)

Vem aí mais uma daquelas explicações que ouvimos no sexto ano e que não dizem absolutamente nada: O ponto e vírgula é uma separação maior do que a vírgula e menor do que o ponto.

Legal, beleza, mas como vou saber se a separação em questão é maior ou menor? Existe métrica na pontuação?

O uso do ponto e vírgula também tem algumas regras gramaticais básicas, como separar itens numa lista ou ser usado antes de conjunções adversativas (mas, porém, todavia, entretanto etc.), mas mesmo essa última ainda não é obrigatória.

Usar o ponto e vírgula ou não é uma decisão que depende do quanto o autor do texto quer separar as ideias. Quer separar um pouquinho? Use a vírgula. Quer separar com um pouco mais de ênfase? Ponto e vírgula. Para separações ainda maiores, usamos o ponto.

Podemos, assim, afirmar que colocar só a vírgula ou o ponto e vírgula é uma questão de estilo, mas tenha em mente que, ao usar o ponto e vírgula, você dá mais destaque à ideia que vem após ele.

Já te contamos que, numa frase que contenha conjunções adversativas, aquilo que vem após o mas ou o porém é mais importante para o autor do que o que foi dito anteriormente.

Quando, além de usar mas ou porém, você ainda utiliza um ponto e vírgula antes da conjunção, é dada mais importância à ideia da sequência.

Existem muitas redações com notas máximas que não contêm um único ponto e vírgula ao longo do texto inteiro. Esse é o caso da redação da Ana Clara. E tudo bem! Usar vírgula e ponto não é opcional, mas usar ponto e vírgula é sim opcional e depende da intensidade da separação que você quer dar entre as ideias.

Ponto (.)

Seja ele na mesma linha ou para finalizar o parágrafo, o ponto marca o fechamento de um assunto (ponto final) ou de parte dele (ponto na mesma linha).

Vamos ver agora o terceiro parágrafo da redação da Ana e observarmos como ela aplicou os pontos.

“Paralelo a isso, vale também ressaltar que a concepção cultural de que a arte não abrange a população de baixa renda é um fato limitante para que haja a democratização plena da cultura e, portanto, do cinema. Isso é retratado no livro “Quarto de Despejo”, de Carolina Maria de Jesus, o qual ilustra o triste cotidiano que uma família em condição de miserabilidade vive, e, assim, mostra como o acesso a centros culturais é uma perspectiva distante de sua realidade, não necessariamente pela distância física, mas pela ideia de pertencimento a esses espaços.” 

A autora começa o parágrafo tratando de um fator limitante para a democratização da cultura. Esse é um bloco de assunto e ela o fecha com um ponto (em “do cinema”). Na sequência, ela vai exemplificar o que acabou de dizer e como introduz um novo bloco (o exemplo do livro Quarto de Despejo) utiliza o ponto para separar os dois blocos.

Sempre que você for utilizar um ponto, imagine seu texto como uma pizza dividida em fatias. A pizza é o tema geral e as fatias são os subtemas.  Pense então nas seguintes questões:

– O que vou escrever na sequência é uma nova “fatia” de minha “pizza”? Se sim, utilize o ponto final e abra outro parágrafo. Não se esqueça: cada subtema deve estar num parágrafo.

– O que vou escrever é um ingrediente da minha “fatia”, é uma azeitona sobre a fatia? Se sim, utilize o ponto na mesma linha e escreva sobre o novo ingrediente.

O exemplo da pizza é maluco, sabemos, mas funciona!

Dois pontos (:)

Os dois pontos também são captadores da atenção do leitor, mas de forma menos intensa do que duas vírgulas ou dois traços.

Após o uso dos dois pontos, espera-se que você coloque uma explicação ou exemplificação do que foi dito anteriormente, sendo assim, analise se é exatamente isso que você fará.

Parênteses (())

Já notou como as redações com notas máximas em grandes testes normalmente não têm parênteses?

Tradicionalmente, os parênteses são usados também para incluir informações secundárias ou exemplificações, mas a impressão que os parênteses dão é de que o conteúdo que está lá dentro é de menor importância.

Numa redação com tamanho de linhas limitado, precisamos escolher muito bem quais elementos colocar na produção e informações que poderiam vir dentro de parênteses frequentemente são deixadas de lado por não serem tão relevantes.

Se sua intenção é destacar uma explicação, os dois pontos são muito mais eficazes para isso.

Ponto de exclamação (!)

Outro sinal de pontuação que quase nunca aparece em dissertações argumentativas, isso porque ele é extremamente intenso e dá a impressão de que o autor está exaltado.

Evite incluí-lo em suas redações. Se você quer dar intensidade à sua frase, escolha palavras que possam criar esse efeito.

Ponto de interrogação (?)

Só para constar, o ponto de interrogação pode aparecer numa dissertação argumentativa, só não se esqueça de que todas as perguntas feitas ao longo do texto deverão ser respondidas no texto.

Nunca finalize sua conclusão com um ponto de interrogação. A conclusão vem para trazer respostas, soluções.

Viu como Pontuação: uma aliada na construção de sentido faz diferença?

E então, o que achou de nosso texto sobre Pontuação: uma aliada na construção de sentido? Vamos pensar com um pouquinho mais de cuidado sobre os sinais de pontuação daqui para frente, observando as regras gramaticais e os recursos de efeito de cada um dos sinais? Temos certeza de que sua redação só tem a melhorar com essas técnicas.

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