A resistência feminina frente ao patriarcado tem se mostrado um pilar na luta por igualdade de gênero. O patriarcado, enquanto sistema social enraizado, perpetua desigualdades estruturais que impactam diretamente as mulheres, limitando suas oportunidades e ampliando as disparidades econômicas e sociais.
Dados do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) revelam que 84,5% dos brasileiros têm pelo menos um tipo de preconceito contra mulheres, evidenciando a complexidade dessa problemática. Em consonância com a temática, o filme Ainda Estou Aqui, dirigido por Walter Salles e protagonizado por Fernanda Torres, retrata o impacto do autoritarismo sobre uma mulher e sua família, trazendo à tona a luta feminina por direitos e dignidade.
Essa realidade expõe um paradoxo entre avanços conquistados e obstáculos persistentes, tornando imprescindível o debate acerca dessa questão.
Proposta de Redação
A partir da leitura dos textos motivadores e com base nos conhecimentos construídos ao longo de sua formação, redija um texto dissertativo-argumentativo em modalidade escrita formal da língua portuguesa sobre o tema “A resistência feminina frente ao patriarcado nas sociedades tradicionais.”, apresentando proposta de intervenção que respeite os direitos humanos.
Desse modo, selecione, organize e relacione, de forma coerente e coesa, argumentos e fatos para a defesa de seu ponto de vista.
Instruções para redação
- O rascunho da redação deve ser feito no espaço apropriado.
- O texto definitivo deve ser escrito à tinta preta, na folha própria, em até 30 (trinta) linhas.
- A redação que apresentar cópia dos textos da Proposta de Redação ou do Caderno de Questões terá o número de linhas copiadas desconsiderado para a contagem de linhas.
- Receberá nota zero, em qualquer das situações expressas a seguir, a redação que:
- 4.1 tiver até 7 (sete) linhas escritas, sendo consideradas “textos insuficiente”;
- 4.2 fugir do tema ou não atender ao tipo dissertativo-argumentativo;
- 4.3 apresentar parte do texto deliberadamente desconectada do tema proposto;
- 4.4 apresentar nome, assinatura, rubrica, ou outras formas de identificação no espaço destinado ao texto.
Textos motivadores sobre patriarcado
Texto 1: Conceito de patriarcado e sua persistência
O patriarcado é um sistema social profundamente enraizado em culturas, estruturas e relações que priorizam os homens, especialmente aqueles que se enquadram no padrão branco, cisgênero e heterossexual. Essa configuração estabelece uma hierarquia onde esses homens ocupam o topo da “escada de privilégios”, acumulando benefícios, enquanto mulheres e grupos marginalizados enfrentam desvantagens e exclusões.
No patriarcado, os homens gozam de poder econômico, social e político, enquanto as mulheres são relegadas a posições de submissão. Isso se traduz, por exemplo, no controle sobre a sexualidade feminina e na limitação de suas escolhas reprodutivas. Como explica Marlise Matos, pesquisadora e feminista, o patriarcado é um sistema que organiza relações sociais e políticas com base no domínio masculino, perpetuando desigualdades de gênero e controlando narrativas e valores sociais.
A manifestação do patriarcado ocorre de forma privada e pública. No âmbito privado, limita as mulheres à esfera doméstica, enquanto no público, mesmo com a participação feminina em espaços sociais e políticos, a desigualdade persiste. Segundo a autora Sylvia Walby, o patriarcado encontra apoio em pilares como religião, trabalho, Estado e família para garantir sua perpetuação. Historicamente, a família tem sido uma das instituições mais eficazes para consolidar essa estrutura, com o homem como provedor e a mulher restrita ao cuidado do lar.
Embora a sociedade tenha evoluído em diversos aspectos, a essência patriarcal ainda se mantém, adaptando-se para continuar exercendo controle. Dados do IBGE mostram que, mesmo realizando tarefas equivalentes, as mulheres ainda ganham, em média, 20% a menos que os homens, evidenciando como o patriarcado molda práticas econômicas e sociais.
Fonte: Adaptado de Politize!
Texto 2: Preconceitos de gênero no Brasil e no Mundo
Um estudo do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) revela que 84,5% dos brasileiros têm pelo menos um tipo de preconceito contra as mulheres. Mundialmente, quase 90% da população compartilha dessas crenças, sejam homens ou mulheres, evidenciando como o sexismo ainda é estrutural.
Principais Dimensões Avaliadas
O levantamento analisou quatro áreas de preconceito:
- Integridade física: No Brasil, cerca de 75% dos homens e mulheres possuem preconceitos relacionados à violência íntima e autonomia reprodutiva.
- Política: 39,91% acreditam que mulheres são menos aptas para a liderança.
- Econômica: 31% consideram que homens têm mais direito ao trabalho ou são melhores nos negócios.
- Educação: Apenas 9,59% acham que a universidade é mais importante para homens.
No Contexto Global
O relatório aponta que 25% da população mundial considera justificável a violência doméstica. Além disso, apenas 10% das chefias de Estado são ocupadas por mulheres desde 1995, e menos de um terço dos cargos de liderança no mercado de trabalho são femininos.
Fonte: G1, Pesquisa ONU (2023).
Texto 3: Violência de Gênero e a Estrutura Patriarcal
A psicóloga Teresa Cristina Bruel dos Santos, especialista em violência contra mulheres, destaca que a violência de gênero tem origem na estrutura patriarcal, que coloca mulheres em posições de subalternidade em relação aos homens. No Rio Grande do Sul, a média de dois feminicídios por semana reforça a gravidade do problema.
Teresa aponta que a falta de investimentos e a desarticulação da rede de proteção agravam a situação. Desde 2016, houve uma redução de 90% no orçamento destinado ao enfrentamento da violência contra mulheres. Para ela, ações eficazes passam por investimentos em serviços especializados, capacitação contínua e inclusão do tema de gênero nas escolas, além de campanhas que desnaturalizem os padrões de gênero.
A conscientização é um passo crucial para romper o ciclo da violência e construir uma sociedade mais igualitária.
Fonte: Brasil de Fato.
Repertórios para o Tema sobre patriarcado
1. Filmes/Séries/Documentários
- Ainda Estou Aqui – retrata o impacto do autoritarismo e do patriarcado sobre uma família brasileira.
- Estrelas Além do Tempo – narra a luta de mulheres negras por reconhecimento em uma sociedade patriarcal.
- Que Horas Ela Volta? – aborda desigualdades de classe e gênero no Brasil contemporâneo.
- As Sufragistas – retrata a luta pelo direito ao voto feminino no início do século XX.
- O Silêncio dos Homens – documentário que aborda os impactos do patriarcado nas relações humanas.
2. Livros/Pensadores/Filósofos/Literatura
- Mulheres, Raça e Classe – Angela Davis -analisa como o racismo e o patriarcado moldam as experiências femininas.
- O Segundo Sexo – Simone de Beauvoir – expõe a construção social da mulher como “outro”.
- Olhos d’Água – Conceição Evaristo – histórias de resistência feminina em contextos de opressão.
- Mulheres que Correm com os Lobos – Clarissa Pinkola Estés – Reflexão arquetípica sobre a força feminina.
- A Vida Não É Útil – Ailton Krenak – aborda como estruturas sociais impactam grupos marginalizados.
3. Legislações
⚖ Constituição Federal de 1988 – Art. 5º, I – garante igualdade de direitos entre homens e mulheres.
📋 Agenda 2030 – ODS 5 – igualdade de gênero e empoderamento feminino.
📜 Lei Maria da Penha (11.340/2006) – instrumento de proteção contra a violência doméstica.
4. Fatos Históricos (Brasil e Mundo)
- Direito ao voto feminino (1932) – marco na luta pela equidade no Brasil.
- Primeira Marcha das Mulheres (1980) – movimento feminista pela igualdade no Brasil.
- Conferência de Pequim (1995) – agenda global para os direitos das mulheres.
- Lei do Divórcio no Brasil (1977) – ampliação dos direitos civis femininos.
Argumentos para o tema de redação sobre patriarcado
Argumento 1: Legado Histórico do Patriarcado
Causa: Enraizamento cultural de práticas patriarcais em tradições e sistemas sociais.
Consequência: Perpetuação de desigualdades e manutenção de uma estrutura de opressão.
Solução: Investimento em educação de gênero e promoção de políticas públicas igualitárias.
Repertório: Ainda Estou Aqui – Representa a opressão e resistência feminina em um contexto histórico de autoritarismo e desigualdade.
Argumento 2: Banalização das Desigualdades de Gênero
Causa: normalização de comportamentos discriminatórios e falta de representatividade feminina.
Consequência: ampliação das barreiras de acesso a oportunidades e persistência da violência de gênero.
Solução: campanhas de conscientização e ampliação da representatividade feminina em espaços de poder.
Repertório: Angela Davis – A luta interseccional como ferramenta para combater a banalização das desigualdades.
Por fim, a resistência feminina frente ao patriarcado é uma luta constante e essencial para a construção de uma sociedade mais igualitária. A análise de dados e repertórios, como o filme Ainda Estou Aqui, evidenciam a persistência de desigualdades e a necessidade de mudanças estruturais.
Por meio da educação, da conscientização e de políticas públicas eficazes, é possível superar os legados históricos e a banalização dessas desigualdades, promovendo um futuro onde a equidade de gênero seja uma realidade.
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